quarta-feira, 2 de março de 2011

Teoria do Homem-inumano

Quando me aproximei da ciência, através de meus pais, ao me mostrarem como as coisas funcionam comecei a gostar de entender o por quê de cada fato, de cada momento, buscar uma origem para as coisas e, no contato com a formalidade escolar comecei a aprender o que os professores me ensinavam - é assim e pronto, tá no livro. Daí comecei a desaprender o que me foi primeiro ensinado, a curiosidade.
Quando cheguei à universidade, havia organizado um grande acervo de conhecimentos que aprendi durante a vida pois, consegui manter uma chama daquela curiosidade já que ainda tinha a minha casa e a rua para conservá-la. A escola foi´otimamente aproveitada pois tive um imenso contato direto com os professores e colegas, principalmente fora da sala de aula, e a oportunidade de ler bastante.
Brinquei muito, fiz muitos esportes, apresentações, tinha minha caixinha de ferramentas e restos eletrônicos, meu kit de química, que ao acabar os reagentes, tive que inventar novos, meu cinema com lâmpada incandescênte cheia de água, baladeira, pobres dos cadéveres que tive de estudar.
Na faculdade me ensinaram que o homem é uma complexidade de fenômenos naturais, psicológicos, transpsíquicos, epistemológicos, transdisciplinares, ideológicos, espirituais, históricos, paradigmáticos, retóricos, dialéticos, dialógicos, hermenêuticos, inoxidáveis, prosopopéicos, cacofônicos, onomatopéicos, estequiométricos, cinemáticos e, até, humano.
Mas nunca comparável ao ser vivo inferior...o animal.
O animal é tudo de ruim: violênto, irracional, sem civilização, sem linguagem, sem inteligência, apenas adestrável, sem reflexão e senso crítico...o único capaz de pensar sobre si mesmo é o homem e este está distante do animal.
Este, penso eu, achar que o homem é infinito, superios e que toda a natureza está a lhe servir é o nosso principal erro.
Educar não é um ato pontual, mas um processo. Todo processo é organizado por açoes sucessivas e recorrentes, nunca sendo linear. O mais próximo que possamos representar o movimento de educar é de um sistema caótico, um processo randônico, mas que é preciso ser orientado.
O distanciamento dos animais fez com que o homem criasse uma forma de se educar seus descendentes que nos afastou do que fez a esécie humana permanecer no processo evolutivo, a curiosidade, a persistência e a necessidade.
Curiosidade, só se alimenta com necessidade. Persistência só se alimenta da curiosidade. Necessidade só se alimenta de dificuldades. Então, uma aprendizagem natural parte não do ensinar, mas do dificultar pois, acredito na educação como um processo de desenvolvimento das potencialidades para uma autonomia na vida e em todas as necessidades que não foram planejadas e que irão ocorrer.
Parte fundamental deste processo é de organizar as idéias para que seja passíveis de recrutamento a medida da necessidade, é uma idéia meia computacional.
Se classificarmo demasiadamente este homem aprendente iremos é perder tempo e forçá-lo a ficar anos sucessivos sentado numa cadeira desconfortável, consolidando a mente dele ao invés de deixarmos acontecer o que é natural, o aprender.
A escola deveria respeitar o rítmo de cada um e não obrigar a um estudo que demora tanto para se "formar alguém". Deveríamos ter a chance de um estudo mais pragmático.

Flávio França

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