Novos tempos, modernidade, pós-modernidade, contemporaneidade, multireferencialidade, complexidade, interdisciplinaridade entre outras palavras, as quais tenho grande admiração, são modismos educacionais que estão transformando a educação.
Fica complicado para o aluno, então, aprender os conhecimentos pertinentes à evolução cultural humana, acaba sofrendo o preconceito de ser chamado de 'conteudismo'.
Fala-se em novas tecnologias e procedimentos em educação, consideração do contexto e dos saberes pré-estabelecidos do aluno, em não constrangimento e respeito a todas as posturas e comportamentos, ensina-se a ser cidadão reflexivo, mas na verdade não estou vendo a aprendizagem ocorrer, e esta, no meu ver, é que é a base da reflexão. O pensamento reflexivo só ocorre se conhecermos.
Fala-se em aprender a conhecer, a fazer, a ser e a conviver, mas isso é impossível de se separar. Quem sabe, conhece, faz, é.
As novas competências que se exige do aluno podem ser resumidas a, decorar um discurso reflexivo e fingir que sabe respondendo a uma prova.
A família é a responsável, hoje, por gerar uma penca de filhos para o estado sustentar e o professor educar. Quem educa é tudo o que ocorre na vida do indivíduo, suas experiências e isso começa em casa para depois chegar na rua e, só então, na escola e outras instituições.
Cabe, então, à escola, deseducar ou, pra ser bonitinho, re-educar. Não importa. Enquanto se discutem os termos mais adequados aos processos da vida, esta, continua.
Neste meio termo, o indivíduo, que hora é aprendiz, noutras, artífice, ou aluno ou aprendente...continua sem saber.
Os professores afirmam que não podemos adestrar o indivíduo, mas permití-lo a uma atitude crítica e reflexiva. Instrução é inferiorização do pensamento livre, aulas conteudistas são manipulação de valores da elite social. Devemos mostrar o poder da transformação da mente e, deixar de baboseira, permitindo que o aluno tenha acesso à vida, a problemas, a realidades, a fazer. Não temos como ensinar a ser reflexivo, apenas oferecer situações que exijam, para a solução, a reflexão.
Enquanto se discute, o povo continua ignorante. Mas não é problema, agora a moda é dizer que todo conhecimento é pertinente, ninguém é analfabeto, todos têm uma experiência própria. Correto, mas, então, pra que existe escola?
Saber costurar, ser pedreiro, pescar entre outras belíssimas atividades humanas não são estímulos para o pensamento reflexivo. Assim como uma escola reprodutivista de conteúdos fechados e discursos herméticos também não é estimulante.
Curiosamente, todos os inteletuais, ditadores do novo discurso, foram formados numa escola tradicional e na vida. Não por esse modelo de escola ser bom, é péssimo, mas ele ensina pelo menos conteúdos e a vida força a reflexão, pois os problemas não têm soluções prontas, forão construídas pelo indivíduo.
A diferença hoje é que a escola não ensina e, tudo na vida tem a intenção de facilitar.
Os livros são de fácil leitura, os dados são facilemnte armazenados, contrata-se alguém para solucionar um problema. Não sentimos dor, cansaço nem estimulamos a resiliência, a persistência, tudo é evanescente. Não é preciso conhecer profundamente, só superficialmente. As notícias são vinculadas em segundos nos sites de relacionamento, e esquecidas depois da primeira conversa com um colega.
Até as amizades atingem o ápice das emoções na futilidade de abraços e choros a medida que aparecem em programas de reality show, mas sempre mediadas pela máquina da virtualidade.
Felizmente posso usar a própria criação para sua recriação.
Flávio França
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