segunda-feira, 12 de março de 2012

Coragem

Os percalços da vida não servem para nos fazer chorar, mas nos fortalecer - aquilo que não me mata me fortalece. A coragem deveria ser um imperativo praticado desde a infância, mas muitos pais protegem seus filhos preciosos sob o discurso do não traumatizar.
Só sabe o prazer de possuir um pé que já usou sapato apertado, o prazer da vitória não está em derrotar os adversários, mas em ver o resultado do treinamento, do empenho, da dor e da abstinência de prazeres comuns.
A coragem maior nem sempre é a das leoas que tentam caçar o gnu, mas dos seus pares que tentam protegê-lo, isso é proteção.
Curioso que se o filhote gnu não se levantar nas primeiras horas de seu nascimento ele é abandonado e o incentivo para ele se levantar é ver seu bando se afastando.
A proteção que vemos na natureza não é a mesma que os humanos inventaram - eles mantêm-se fortes, capazes de superar, adaptáveis e nós acabamos por provocar choros caudalosos e traumas irreparáveis pelo simples medo de viver.
A natureza preza pela vida, e muitos de nós procuramos métodos lentos de morrer. Seja pela alimentação, pelo uso de drogas, pela incapacidade de lidar com os sentimentos ou mesmo pela falta do que fazer... choramos.
Uma ave não sente pena de si mesma ao cair do ninho, um cão não para a sua corrida devido às pedras no caminho, um inseto não deixa de capturar sua presa por ela ser maior, mas as pessoas são condicionadas a desistirem de suas vontades por uma ordem social subjetiva e arbitrária.
O forte tornou-se sinônimo de grosseiro, de falta de respeito, de impetuoso, de 'pedante', de truculento, de indelicadeza, de falta de humildade - nós criamos um sistema que define o ideal humano como um fraco. Tronamos imperiosas as virtudes dos fracos, os vencidos é que têm o destaque, os coitados é que têm uma segunda chance, errar é humano (humano demasiado humano).
Pobres mortais que desistiram de uma vontade sublime de se elevar, que desistiram de leis lógicas, baseadas nos recursos necessários e se apregoaram à lástima de se basear em leis subjetivas, sem sentido, baseadas numa lógica do dominante, leis baseadas na escassez e no lucro, mas que não reflete a evolução do conhecimento científico que alcançamos.
Neste momento só posso desejar a você, leitor, coragem para ler o que ninguém lê, escrever o que ninguém escreve, ver, refletir, criticar, inconformar-se e fazer um mundo melhor para nossos patrícios.
A coregem de enfrentar algo não é o não temer, pois quem não tem medo não demonstra coragem. Coragem sim é enfrentar o que nos proporciona o pânico, ou seja, passar por situações que não estamos preparados para ela.
Na natureza os animais preparam seus filhos para enfrentar o que lhes é imposto fazendo com que eles sejam capazes de reconhecer o que podem ou não, fazer e sua coragem reside no simples fato de não temer o que é necessário fazer.
A coregem não reside no enfrentar o óbvio, mas sim em encarar o necessário, seja atacar, revidar ou fugir, com certa intencionalidade, buscando a situação que proporcione mais proveito para a sobrevivência.
Nos humanos não é diferente, no entanto estamos mudando a formação de nossos filhos para o não saber o que fazer.
A solução é óbvia, basta abandonar o medo da dor.

Att. Flávio França

PS. para quem tem curiosidade epstemológica e coragem, seguem-se dois links.

1- http://www.youtube.com/watch?v=JFrhEtU6MTI
2- http://www.youtube.com/watch?v=aA-LpnMkebo

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