A ditadura do coitadinho?!
"Vivemos num país sedento, um momento de embriaguês" realmente e "enquanto os homens exercem seus podres poderes tem gente matando de fome e de sede" e "assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade".
O que fazer contra este estado de torpor alcoolico, como impedir a tirania política e econômica e como fazer o mundo evoluir como passos de gigantes? Este é um grande problema e que está sedimentado em mentes provincianas e/ou metropolitanas.
O provincianismo da submissão e o metropolitanismo da dominação são dois lados de uma única realidade, a ignorância.
Falar dos dominantes já é fato, todos se colocam a séculos contra esta categoria e acredito não ser mais necessário, mas falar do dominado só início do século XX tivemos esta oportunidade.
O mundo humano está enfraquecendo. Precisamos de leis para dizer o que é certo ou errado, não usamos nosso intelecto para tomar decisões, não fazemos uso de uma moral racional apenas correspondemos ao que é dito na lei.
Como pensar em um mundo livre onde a "democracia" é regida pelo dinheiro - não falo capitalismo como era de se esperar, mas dinheiro puro e simples - onde o princípio do valor agregado é preponderante em detrimento do valor do recurso.
Pensar em governos implica em pensar em povo e somos adestrados a acreditar em "salvadores da pátria", somos doutrinados a acreditar que a felicidade só vem do sucesso e este do esforço árduo, do trabalho ou se não da usurpação, da flagelação da moralidade e da racionalidade.
Fazer o certo para conquistar uma dádiva não me parece moralidade, estudar para não ser reprovado é como comer para defecar e não para satisfazer uma necessidade nutricional e um prazer. Aliás, ter prazer tornou-se errado, desejos devem ser reprimidos e necessidades devem ser apenas o necessário.
É claro que quem alardeia este discurso tem boa morada, transporte, saúde e dinheiro/poder, mas tem uma intenção fraca, de manter tudo como está ou melhorar sua própria situação. O discurso do conformismo é pregado pelos poderosos, mas não podemos dizer que eles são os fortes pois sua moralidade é corrupta.
Também não posso afirmar que o trabalhador que se sacrifica para sobreviver é um forte. Render-se aos ditames imperialistas é imoral, conformar-se é imoral e vender sua vida também o é.
Nos filmes nos mostram a menininha bonita namorando o rapazinho simpático que tem de enfrentar o brutamonte bonitão, nas novelas temos a eterna luta do bem (o trabalhador esforçado) contra o mal (rico e de berço), nas músicas temos a banalização do amor como se fosse um sentimento sublime e imortal, puro e incondicional, nas propagandas temos produtos que resolvem de tudo e não causam males e sem sacrifícios.
Falando com outras palavras, quem disse que ser bonito é sinônimo de burro, ser grande de ser arrogante, ser pobre é ser humilde e honesto, ser rico é ser soberbo e ganancioso, que o amor é eterno e que chazinho natural faz bem sem fazer mal, por que nos negam o prazer e a dor de viver, por que temos de ser cautelosos com a educação de nossos filhinhos pra não causar 'traumas'.
Desde quando devemos negociar com assassinos e estupradores, com corruptos e pregadores de sonhos em troca de dinheiro.
O homem perdeu sua capacidade de descobrir, de ser curioso, de questionar na frente da "caixa mágica" que nos traz imagens do mundo - é claro que podemos escolher o programa, mas será que escolhemos realmente ou alguém escolheu por nós.
Desde quando aceitar o que nos dizem é o certo, que estudar um monte de superficialidades impressas em livrinhos didáticos resumidos e de 'fácil compreensão' e ficar sentado numa sala disciplinadamente é uma atitude correta (é claro que é o certo pois o professor está ali para 'transmitir' a aula e você pra ouvir e responder a pergunta?!).
Devemos aceitar as pessoas como elas são? Então porque não aceitam os violentos, os incrédulos, os sinceros tudo sob uma falsa premissa de respeito.
Devemos respeitar o credo de cada um, mas não aceitamos a falta de credo. Não podemos ser preconceituosos, mas fazemos leis baseadas na cor e classe social - falsa tolerância.
E, realmente, devemos ser tolerantes, ovelhas sob o domínio de um pastor ou podemos dar vasão aos nossos sentimentos e idéias.
O que é liberdade, poder votar se quiser ou não ter o voto condicionado por nada a mais que a capacidade técnica, isso mesmo, técnica. Quem soluciona os problemas da vida são técnicos treinados e não políticos interesseiros. Como alguém pode governar justamente se foi eleito por meio de muito dinheiro na campanha e muita promessa.
Fala-se em natureza humana - na violência, na competitividade, no amor de mãe etc - mas esquecem-se do condicionamento do meio. Aliás, desde que inventaram a idéia de que o ser humano é superior aos animais, os termos condicionamento e adestramento foram extirpados de nosso linguajar e substituidos por educação ou seja uma abstração absoluta do que se quer e que é na verdade, tornar capaz.
Somos animais, talvez com especificidades como qualquer outro, mas o somos e pensar que somos únicos e perfeitos apenas demonstra nossa ignorância. Pobre Gaia!
Fica uma grande pergunta, o por quê que devemos nos rebaixar sob a égide de uma falsa humildade, de uma compaixão hipócrita, de um desdém pela ciência, de políticas assistencialistas e imediatistas, de tratamento de feridas e nunca das causas, de uma negação da estética, do belo, na crença do fatalismo, num desprezo pelo corpo e pela natureza.
Devemos nos tornar fortes, vigorosos, moralistas, verdadeiros, humanos, animais, racionais, questionadores, curiosos, enfurecidos contra a dominação mental e os chamados "intelectuais" que não fazem nada.
A educação deve ensinar um pensamento crítico e sabedor das coisas, e está tentando, mas se depara com o próprio sistema que ela criou principalmente por fugir do pragmatismo.
Na escola se aprende a socializar sem fazer relações diretas entre os sujeitos, a pensar lendo apenas um livro, que os elementos cultos, eruditos seriam uma forma de dominação e não a supremacia da capacidade intelectual, que devemos deixar passar na frente os coitadinhos e dar o que conquistamos aos outros, mas não ensina como conquistar as coisas, a ter mérito - a bem verdade, o único mérito que a escola reforça é a nota boa como se o indivíduo que não a alcança fosse um inútil.
Acho que tem muito médico bom que não exerce a profissão por não ter passado no vestibular (se é que me entende).
A própria palavra 'coitadinho' me remete a um coito pequeno, ou seja, que não devia nem existir por insuficiência de espermatozóides e teria nascido por acaso ou destino, mas como não creio em destino...
Somos ensinados também que o mundo é competitivo e que o mais forte sobrevive. Nunca foi assim, o mais adaptado sobrevive, mas, no entanto, criamos uma estrutura social e política onde os menos adaptados, ou que tiveram menos sucesso, são mais protegidos, sua cultura é de mais valor pois seria "do povo", onde a prole se sobressai em relação às condições de cuidar dela e onde as crenças sobrenaturais são mais consolidadas e imutáveis fazendo com que a sociedade tenha uma mudança na sua evolução natural - com os humanos a seleção natural foi modificada e a seleção agora é social. Na verdade os fracos se multiplicam.
Quando se fala em fraco e forte pensa-se logo em dominado e dominante e eu reforço, não falo em favor de nenhum posicionamento neo-alguma coisa, mas no sentido de que são sinônimos de fraqueza a corrupção, a injustiça, o irracionalismo, a brutalidade, a negação da animalidade e natureza, a dominação mental, a doutrinação e o dogmatismo.
Devemos ser fortes, negar o condicionamento social de 'levar vantagem', os comportamentos sociais víciosos. Nossos jovens precisam de ar livre, de exercício, de alimento bom e saudável tanto para o corpo como para o espírito. Devemos sentir o prazer do pós-dor e o lamento do pós-prazer. Jovens que não sabem o que fazer sem a internet, a telavisão e o celular são imprestáveis e devemos combater essa miséria.
A a sociedade parece estar marcada pela mediocridade. Nem tanto, nem tão pouco, nem oito e nem oitenta, a falácia do caminho do meio sem excessos. Acabamos assim por não viver plenamente e quando se fala nisso o jovem pensa em beber e drogar-se, dançar e transar desmedidademnte ou isolar-se do mundo numa crípta gótica ou nas "emo"rragias de chororô com falastrões explicando seu amor doentio ou a falta dele.
As crianças continuam aprendendo que existe um lobo-mau e uma menininha boazinha ou num papai-noel inventado pela coca-cola, num coelho com ovos de chocolate e não consigo ver nada de bom nestes contos - são meros símbolos deturpados pelos anos de recontagem.
Não nego os contos e fábulas (felizmente existe o Shrek para provar), mas não se fazem mais heróis virtuosos e continuam contando mentiras sobre o pobre do lobo e do boi-da-cara-preta (tome preconceito).
É... ainda tenho muito o que dizer, mas preciso parar pois na nossa sociedade os textos tem de caber no twitter - será porque só temos capacidade de reter uma parte do que é dito?...rs
Por Flávio França
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