Enveredo pelos caminhos marciais desde meus 9 anos. N'aquele momento, inspirava me a "sessão faixa preta" que passava semanalmente tarde da noite. Eram filmes de Bruce Lee, Chuck Noris, Sho Kosugui e outros tantos, hoje, desconhecidos. Era Operação Dragão, American Ninja, Bradock, Octagon, Ninja - A máquina assassina e mais recentemente (um pouquinho) Retroceder nunca, Render-se Jamais, O Rei dos Kickboxers, O Grande Dragão Branco e Rock Balboa. Era Van Dame, Jet Li, Jackie Chan, Bolo Yeung até chegar The Rock, Jason, o sucesso do Muay Thai e agora do célebre Quebrando Regras e O Lutador.
As lutas sempre me acompanharam e meus alunos sempre me pediram para trabalhar com elas nas escolas, mas os pais se tornaram o grande empecilho. Eles acreditam que a prática das lutas tornará seus filhos violentos.
Violência é lutar num tatame, com regras definidas ou agredir alguém pelas ideologias distintas que eles possuem. É belo fazer guerra por diferenças religiosas, ser homofóbico ou xenofóbico. As artes militares devem ser instrumentos da paz e só as compreende que as pratica.
Pergunte aos seu pais se nunca assistiram a um bom filme de luta onde o mocinho, que sempre começa apanhando ou tendo alguém próximo morto e, com muito esforço, vão treinar com um mestre muito sábio e retornam como pessoas melhores e fazendo justiça.
As meninas é quem mais sofre desse preconceito e são agredidas nas ruas por vagabundos onde elas não têm a menor chance de defesa ou mesmo de fuga.
As mulheres são rotuladas de fracas e ingênuas, incapazes e desastradas apenas pelo simples fato de não desenvolverem seus potenciais.
As famílias continuam tratando suas filhas como servas dos homens, fracas, incapazes e destinadas ao casamento ou ao trabalho escravo.
A luta não é só física, um embate de oposição, de força, mas é uma nova atitude, um novo comportamento que é rejeitado por quem domina a sociedade. A luta é pela verdadeira emancipação da mulher.
Não falo em emancipação por que a mulher esteja mostrando seu corpo desnudo na mídia ou servindo de cabide para maquiagens e joias. Nem me refiro à nova situação de falsa emancipação financeira onde a mulher conquistou seu mercado de trabalho e se sobrecarrega com uma divisão do trabalho injusta, seja na rua ou em casa.
A luta a que me refiro é a emancipação do pensamento da mulher ao nível de não só querer os direitos dos homens, mas de não mais depender deles sob o pretesto de serem frágeis e delicadas.
Chega de assaltos, estupros, espancamentos domésticos, assédios sexuais e morais. A mulher tem o direito de ser capaz de cuidar da própria vida.
As diferenças entre homens e mulheres existem, não sou cego, mas elas têm muito mais capacidade do que a sociedade lhes possibilita.
Não brigue... lute é uma campanha pela não violência. Não pela repressão dos sentimentos e dos desejos, mas pela capacidade de fazer, de ser, de agir. Não defendo uma canalização de más energias para o tatame, isso é uma deturpação, mas um autoconhecimento tal que nos permita só precisar lutar no tatame.
Venham treinar. Não vai ser fácil. Você vai suar, cansar e sentir dor, mas só aí saberá do que é capaz. Mas se preferir pode desistir e ser o sexo frágil que tanto serve aos caprichos machistas.
Se embeleze, rejeite o kimono, fique bonita, se pinte e sirva de moldura para o ego machista. Seja o papel de parede do marketing. Não se suje, não se agarre pois isso é coisa pra homem... continue sendo apenas a marionete das dancinhas da moda rebolando seu atrativo para a perpetuação da espécie.
Afinal, sentir dor, ficar suja e fedorenta é coisa pra homem e você é "feminina".
Um dos participantes do BBB 12, que se diz professor de artes marciais, demonstra a todo instante não ser adepto ao lema: " Não brigue, lute". Mostra-se violento, briguento. Seus alunos, com certeza, quando aprenderem a lutarem sairão por aí distribuindo socos e pernadas... Até o momento não presenciei nenhum programa jornalístico ou academia de luta ou lutador denunciando as atitudes do lutador. Ou então tomá-lo como exemplo negativo.
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