É difícil expressar uma temática com breves palavras, mas sigo a idéia de que uma boa teoria deve refletir os fatos a que se pretende explicar sem distorcê-los pois, muitas pessoas criam fatos para explicarem suas próprias teorias.
A educação é assim, com discursos baseados em fatos tirados das mentes brilhantes sem passar por um processo criterioso de experimentação.
A pedagogia já deixou, a muito tempo, de ser uma arte e hoje temos nela uma ciência empírica e, até mesmo, experimental - apesar das discordâncias. Não cabe mais debates gloriosos sobre como eu acho, ou você acha que tem que ser e o processo de avaliação escolar deve ser o que gera mais debates.
Sendo humilde o suficiênte para reconhecer minha pouca experiência e conhecimento do fato, vejo que a avaliação é um processo de se observar o desenvolvimento de uma aprendizagem dando subsídios para que se altere os métodos de ensino adequando-os às novas necessidades.
Não cabe mais pensar que é uma forma de medir o conhecimento do aluno, mas de agitar as células pensantes do professor para como fazer o aluno aprender.
Estamos bloqueados pelos nossos conceitos formados a 10, 20, 40 anos atrás e achamos que o mundo não mudou e que a mente humana é um bólido finito em seu desenvolvimento. Que o pensamento é inerente à espécie humana e igual para todos, esquecendo das diferenças genéticas, ambientais e culturais.
Temos uma crença alimentada por "contos de fada" de que só a dor ensina, de que encurralando o aluno forçaremos a ele aprender e desprezamos o simples fato de que, assim, o ensinamos a ser iguais a quem encurrala.
Se ensino a uma criança, que ela deve respeitar os mais velhos e, para isso, dou-lhe um carão, fica evidente que estou ensinando que se não conseguir o que quer, deve usar de qualquer meio que ache ser certo pois o que importa é o que você acha que é certo gerando uma consciência egoista.
O sucesso ensina mais que o fracaço ou a dor. Momentos felizes marcam tanto quanto momentos dolorosos, mas alimentamos uma cultura de que dizendo a nossa dor podemos mudar o pensamento do outro. Colocamos nossas más experiências como pretexto para dizer que somos o que somos devido a elas. Curiosamente, nossa cruz sempre é mais pesada do que a do próximo.
Se nos desprendermos da idéia de punição por não ter estudado, podemos refletir sobre o por quê de não ter aprendido. Nunca vi ninguém fazer com prazer o que não entende ou o que é coagido a fazer e estudar não é bom para o jovem que não se sente desafiado com problemas que possam ser resolvidos dependendo de suas possibilidades reais (veja a teoria da zona de desenvolvimento proximal de Vigotski).
Surge um debate entre os professores de que as teorias pedagógicas não funcionam na prática. Talvez o problema esteja no fato de que uma teoria deve explicar uma determinada realidade e ela é limitada, pois tende a generalizar diversas situações e cabe ao professor pesquisar o seu ambiente com suas peculiaridades.
O problema maior recorre sobre o que o professor pensa de avaliação. Medição de conhecimento ou elemento provisório de estado do saber.
Discursos sobre o fato de que devemos cobrar rendimento e mostrar as notas não preparam para a competitiva vida real, mas sim saber e nunca vi uma provinha mostrar o que o aluno sabe. Treinar para um concurso não é estar preparado para trabalhar sobre tensão, mas dominar um conhecimento e não ter a tensão.
Fica evidente os exemplos com os esportes onde os professores usam a imagem do atleta sobre pressão e seu rendimento controlado, mas na verdade, um atleta bem preparado não está sobre pressão pois domina o que lhe é necessário.
Concordo sim que a nova geração está sendo alimentada com muitas frivulidades e os aspectos afetivos estão sendo banalizados. Está faltando mais disciplina e responsabilidade. No entanto não se ensina a ser disciplinado e responsável, mas se permite que o jovem sofra as consequências de seus atos e de suas omições e não podemos permitir que surja uma geração de deprimidos e incapazes.
O fato é que não é a prova é que deve ser o motivo para se estudar, mas a curiosidade, a criatividade. Não conheço nenhum dito 'gênio' que seja lembrado por saber o que tem nos livros, mas que tenha sido curioso, inventivo e gerador de novos pensamentos.
Se você acha que seu filho tem que tirar nota boa para ganhar na disputa com outro pai, tenha certeza de que ele pode ser o primeiro da turma em frustração e o campeão do individualismo.
Se você professor acha que seu aluno melhorou na disciplina pois sua nota melhorou, reflita se ele não ficou apenas perito em responder o que você quer como uma criancinha que repete o que as pessoas dizes e é julgado como inteligênte - acho que não passa de um gravadorzinho.
Flávio França
Muito bom professor, gostei muito desse texto!
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