O grande público, claro que
derivado de todo um processo de evolução científica, conserva uma postura
paradoxal extremista em relação aos fatos e fenômenos deturpando sua realidade
de forma a satisfazer suas necessidades individuais de sentido.
É fácil encontrar pessoas que
digam – há, tudo é relativo, depende da situação – e ao mesmo tempo dizendo
afirmações do tipo – faça assim que o resultado dá nisso.
Infelizmente a indústria do
comércio percebeu este ponto fraco e utiliza-se de subterfúgios espetaculares
de venda baseados nesta premissa.
Se por um lado o produto for ser
vendido ele vem com o conceito de que se for feito ou usado, vai dar certo
independente de qualquer coisa. Se não der certo se deve à funcionar
diferentemente em cada caso e a culpa se deve a você.
No que diz respeito aos
exercícios, aos equipamentos, aos suplementos e às dietas é notório o uso deste
argumento. Num dia o professor ou o nutricionista ou mesmo o vendedor do
produto afirma que ele é eficiente, mas quando não está dando certo eles culpam
a sua genética que não é boa ou que cada um é diferente e as coisas funcionam
de forma diferente.
Curiosamente não sabia que nosso
código genético seria tão diferente. Devido a apenas 1% somos bem diferentes
dos chipanzés então pra pertencermos à mesma espécie e termos tanta diferença
genética divergimos em quantos por cento de pessoa pra pessoa?
Não quero abordar diferenciação
gênica, mas a psicologia comportamental do cliente consumidor.
Não temos produtos, exercícios,
máquinas e procedimentos que em se usados ou feitos vão dar respostas exatas.
Também nem tudo pode ser
relativizado segundo os desejos de cada um.
A relação causa e efeito tem uma
linha tênue que os une, que pode ser modelada segundo diversos fatores. Então o
relativismo existe, mas não como desculpa para o que não deu certo.
Não é possível afirmar que
fazendo certa coisa vai dar determinado resultado, mas, ao mesmo tempo, não dá
pra dizer que cada um responde diferentemente a cada situação proposta. Existem
modelos gerais de respostas esperadas para cada situação, mas nem todo modelo é
invulnerável em si.
Não existe exatidão científica ou
fatos e fenômenos comprovados como verdades absolutas, mas tendências de comportamento
frente a uma realidade, causa e efeito assumem uma relação dialética com o
mundo.