É verdade, muitos praticantes de esportes de combate são meros esportistas. Sob máscaras de uma pseudo-defesa pessoal ou sob a ideologia de superioridade hegemônica eles alardeiam uma falsa imagem de força e coragem.
O Artista Marcial não se destaca pelas vitórias nos tatames e ringues, não faz louvores e idolatrias, não elevam-se ou suas técnicas além das pradarias olimpianas, mas se colocam no seu devido lugar.
São fortalezas espirituais onde nem o mais poderoso tigre poderia cravar suas garras. São intrépidos colossos e de semblante tranquílo. Existem muitos mestres por aí, de obras, pois mestres verdadeiros não recebem faixas ou títulos de associações, são mestres por não precisarem de reconhecimento.
A mídia apresenta-nos inúmeros praticantes de lutas nos seus momentos mais importantes para quem noticia algo, nos momentos onde homens comuns se mascaram de mestres.
Não podemos usar a mídia para mostrar o verdadeiro caminho do guerreiro pois ela usa deturpações marciais para vender notícia.
O verdadeiro guerreiro não derrota e nem é derrotado, ele não precisa derrotar.
O verdadeiro espírito marcial é impossível de ser alcançado por quem não vive uma verdadeira Arte Marcial, seja ela qual for.
O autoconhecimento é a meta primeira e, consequentemente o autocontrole. O domínio de si para a benéficie dos outros.
Não é uma religião metafísica mas uma religiosidade natural, real, material. A vitória sobre o que não se luta, a luta com o que não se vence.
Verdadeiros guerreiros podem até competir, lutar entre si, mas com o intuito não de derrota do próximo pois não temos adversários. O intuito da competição é de conhecer a si e o conceito que existe sobre o adversário é de que ele será nosso professor.
Quem ataca é defendido e contra-atacado num elo constante, num turbilhão de emoções, num esvaziamento de pensamentos para apenas agir de forma acertiva, efetiva e cordial, sempre ensinando como um artezão exímio ensina ao seu aprendiz.
Professores que batem, derrubam seus aprendizes são "mestres de obras" quando o que os motiva é demonstrar suas capacidades, mas são mestres de verdade quando sem precisar bater ou derrubar mostram ao aluno o que ele deve fazer.
A relação do lutador com seu "colega" é dialética e multidirecional, sofre interações de todos os lados e no final temos um artista forte, corajoso, grandioso que estremece qualquer muralha com seu olhar doce e gentil.
Infelizmente as Artes Marciais estão se massificando e acredito que, mesmo com o capitalismo e as competições podemos construir seres colossais e de espirito puro, mas para isso precisamos de um bom professor e essa é uma outra história.